A manifestçao estética faz parte da natureza humana,
independente de cultura ou etnia o homem desde sempre buscou formas de se fazer mais bonito.Nas minhas férias tive a incrível oportunidade de conhecer
um pouco de um povo que adora se enfeitar: os Kayapó/Mebengokre. Fui acompanhar
meu marido Fernando Niemeyer, antropólogo e indigenista, num trabalho de campo
na Terra Indígena Kayapó, situada bacia
hidrográfica do Rio Xingu, no sul do Pará.
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Meninas pintada para festa de iniciação. |
Para o povo Kayapó a pintura corporal é muito mais que expressão de beleza, ela é
uma segunda pele que veste o individuo de seu papel social. É como se a pessoa só
existisse para a sociedade através da pintura. A pintura corporal é uma atividade contínua
desempenhada por todas as mulheres Kayapó a partir do momento em que nasce seu primeiro filho. É através da criança que a mãe se
qualifica como pintora, e através da pintura transmite carinho e socializa seu filho.
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As crianças estão sempre pintadas e enfeitadas. |
Durante 20 dias percorri 3 aldeias, e não foi difícil me
envolver a cada dia mais com a arte Kayapó. Para fazer a tintura as
nires(mulheres)
usam o miolo da fruta jenipapo, água e carvão, este último ingrediente serve
de guia, já que a nódoa do jenipapo vai escurecendo lentamente, ao aderir à pele. Depois de 2 horas toma-se banho para tirar os
resquícios do carvão, ficando só o pigmento preto. A pintura pode durar até 8 dias. A
aplicação é feita com um estilete, de nervura de palmeira ou bambu, e com os dedos da mão direita e apenas o indicador da esquerda. As nires usam a mão direita como palheta,
por isso, com muito orgulho, tem sempre esta mão preta, enquanto a esquerda deve estar sempre limpa para servir de apoio.

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Meu primeiro dia na Aldei KKK.
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O que mais me chamou atenção foram os padrões da pintura kayapó, grafismos extremamente elaborados que representam de forma abstrata: peixes, aves, jabutis, antas, plantas e tantos outros elementos que estão no mesmo nível cosmológico que o índio, já que pra eles o sentido de natureza (ela lá e nós aqui) assim como nós concebemos não existe. A simetria e a perfeição na execução dos traços são bastante surpreendentes. A infinidade de desenhos e estilos também impressiona.
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Grafismo e simetria perfitos . |
Numa das aldeias fui convidada pelas nires a participar de
uma pintura coletiva, a mulherada costuma se reunir em pequenos grupos para se pintar. Quando a Nhankroiti terminou com minha pintura, ela me entregou o
estilete e apontou para sua amiga Nhank-È. Gelei. Não esperava
que elas fossem me conceder tamanha honra! A generosidade foi o maior
aprendizado, mesmo não falando a língua consegui entender um pouco da técnica
no uso do estilete para fazer traços mais finos e depois aprendi a usar os
dedos para fazer traços mais largos. O
resultado ficou bom, se levarmos em conta que foi minha primeira pintura
corporal.
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Pintura Coletiva. |
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Minha primeira experiência: pintura facial usando o estilete de palmeira. |
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Todas as nires reunidas para a pintura coletiva. |
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Me sentindo uma Kayapó, tento a mão direita tingida de jenipapo. |
Na Aldeia Moikarako a índia Meiti me pediu que fotografasse a pintura de sua neta. Durante toda manhã pude observar todas as etapas que envolvem a pintura corporal, a começar pela feitura da tinta do jenipapo. Como minha mão ainda estava preta e meu marido não tinha nenhum traço de pintura, frequentemente era questionada por que ainda não o havia pintado. Pedi então a uma das índias que fizesse alguns desennhos no papel para que eu tentasse reproduzi-los no Fernando.
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Méiti fazendo a tinta com jenipapo e carvão. |
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Índia Méiti pintando sua neta. |
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Colocando em prática o aprendizado. |
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Pintura do peixe. |
. A pintura corporal foi só um dos muitos aprendizados que tive durante este mês com os guerreiros Kayapós. Até ganhei nome: Paingroiti. Fiz amigos pra vida, e eles estão nas minhas melhores lembranças dessa vivência que vai ficar marcada para todo o sempre no meu coração.
sensacional, amanda! as fotos tão incriveis!
ResponderExcluirtudo muito lindo, os indios, as pinturas, a cultura.. e a india pintando a netinha? tudo incrivel! beijos manuela
brigada manuzita!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirlegal se bem que eu estou estudando sobre eles pq esses dias era o dia do indio
ResponderExcluirmas foi bom eu ter conhecido esse site pra mim ja pegar algumas informaçoes pra minha prova na escola
ResponderExcluirque maneiro! q bom q pude ta ajudar no trabalho da escola, rsrsr... continue acompanhado o belezoca ;) bjs
Excluirkkk
ResponderExcluirai too precisando fazer pinturas corporais e adoreii o site viio bjs
ResponderExcluirSensacional Amanda, quer dizer Paingroiti! rs. Agora fiquei querendo que você viaje muito mais e volte cheia de vivências legais como esta pra compartilhar com a gente! bjs
ResponderExcluirOi,tem mais edição desse trabalho ou essa é a única?
ResponderExcluir👏👏👏
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